Empreender em psicologia: uma opção para a carreira profissional do psicólogo?

Publicado em : 29/07/2016

Autor : Renatto Marcondes*

Imaginemos a situação: um estudante de psicologia, em seus últimos semestres, já tem conhecimento da teoria e do campo de atuação. Realiza seus estágios obrigatórios e conhece o cotidiano de trabalho de um profissional; vê o que aprendeu acontecendo na prática e percebe a sua prática modificando a realidade que o cerca, em decorrência de sua intervenção.  Recebe seus primeiros elogios e reconhecimentos, cria a expectativa de ser importante para a sociedade, percebe que pode alcançar a plenitude da profissão.

Forma-se, e as brincadeiras entre os próprios colegas já surgem: – E aí, mais um desempregado hein? Fato que parece ser apenas uma chacota entre futuros colegas de profissão, no entanto, tem amparo científico: aproximadamente um terço dos recém-formados não trabalham com a profissão tão esperada durante os primeiros dois anos após a formatura. Por que isso acontece? Como a expectativa tão grande que um aluno desenvolveu se transforma em uma frustração tão rapidamente? Seria esse profissional, ou parcela de profissionais, incompetentes? Ou seria a saturação do mercado de trabalho a responsável pela dificuldade de inserção desses profissionais?

Algumas opções surgem em seu horizonte para a inserção, como a distribuição de currículo e o acionamento de colegas no mesmo campo de atuação, em busca de uma indicação. Entretanto, o repertório comportamental do profissional, em muitas vezes, se restringe a essas ações para o desenvolvimento de uma carreira. Poucos, em função de sua história na graduação, ou de outras questões políticas, talvez ideológicas, imaginam que empreender em psicologia seja uma opção.

Mas o que é empreender? Sapiente da brevidade deste espaço, apresento o empreender como uma alternativa, viável e que poderia ser mais explorada pelos psicólogos. Tecnicamente, empreender é uma ação humana, na qual alguém identifica oportunidades de criar futuros produtos ou serviços e desenvolve empreendimentos para oferecê-los. Ou seja, um psicólogo pode observando a realidade que o cerca, em suas constantes mudanças, identificar condições e criar serviços que ofereçam soluções acerca do comportamento humano.

No âmbito da psicologia, já temos grandes exemplos de empreendedores, esforço que exigiria, provavelmente, muitas páginas escritas para contar suas histórias de sucesso. Esses profissionais apresentam comportamentos que se aproximam da auto-eficácia, no enfrentamento e manipulação de condições para o negócio prosperar. Outras aprendizagens fundamentais relacionam-se ao assumir riscos, na defesa das inovações propostas frente a pressão social de seus pares; a formação do networking, imprescindível construção de relacionamentos de parceria profissional; e, principalmente, a compreensão da remuneração como consequência de um trabalho desenvolvido com excelência.

Enfim, um psicólogo, recém-formado ou pleno, independentemente de seu campo de atuação, seja na psicologia organizacional e do trabalho, clínica, desportiva ou outro, de tantas opções que dispomos, pode identificar oportunidades e desenvolver negócios inovadores. Ademais os comportamentos supracitados, bem como muitos outros vinculados, podem auxiliar sobremaneira a carreira profissional de um novo empreendedor, bem como para aquele que decide por não trilhar esse caminho.

*Renatto Marcondes é Psicólogo e Mestre em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela Universidade Federal de Santa Catarina. Docente de Psicologia da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) e Faculdade Metropolitana de Blumenau (UNIASSELVI-FAMEBLU), consultor na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho. Ampla experiência teórica e prática nas áreas de treinamento e desenvolvimento, empreendedorismo e orientação para a aposentadoria. Lançou durante o VII CBPOT o livro “Empreender em Psicologia”.

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