Publicado em : 26/05/2016
Autor : Manoel Alves dos Santos*
Minha presença e atuação profissional em Angola teve início em maio de 2005. Minha primeira preocupação, desde então, foi observar e tentar aprender o máximo possível sobre a respeito do modo como as pessoas se colocavam no mundo e como eram levadas a agir dentro da organização em que trabalhavam e que, a partir de então, eu também trabalharia.
Pude perceber uma forte presença de elementos atribuídos à cultura tradicional, sendo que esta se baseia, fundamentalmente, entre outros aspectos, em uma forte tradição oral. Também ficou evidenciada uma grande religiosidade por parte dos trabalhadores, principalmente de denominações Cristãs.
Partindo de uma ação anterior e intuitiva de utilizar frases, ditados populares ou provérbios em vários momentos (conversas individuais, reuniões e treinamentos variados), comecei a perceber o efeito conseguido no entendimento do conteúdo e na efetividade das ações desenvolvidas. Um caminho novo e eficaz se apresentava!
Meu interesse por provérbios, em geral, vem de muito tempo. Sempre tive grande curiosidade de tentar entender os possíveis sentidos que podem expressar e identificar aquele que mais adequasse ao momento.
Já em relação aos provérbios africanos o interesse é bem mais recente; mais ou menos em 2006, quando eu estava iniciando o planejamento de uma atividade de treinamento na empresa. Eu queria algo que pudesse fazer sentido imediato para os trabalhadores, que falasse diretamente às suas mentes e corações. Daí em diante comecei a pesquisar outros provérbios e a utilizá-los em diferentes momentos e atividades.
Algo importante a ser entendido, quando pensamos nos provérbios, é que eles fazem uso de analogias. Fazer uma analogia é estabelecer uma relação de semelhança entre coisas, objetos ou situações, muitas vezes completamente diferentes.
As analogias estabelecem uma relação de “similaridade entre diferenças, sempre com um forte apelo emocional”.
Deste interesse pelos provérbios africanos resultou uma pequena coleta, na sequência, o trabalho de emprestar-lhes um sentido e, por fim, propor criação de uma obra que possa ser utilizada por outros profissionais. Eu comecei a partir de um dos primeiros provérbios que coletei. E espero que este mesmo provérbio também possa constituir-se fonte de inspiração.
“O tolo tem sede no meio da água!”
“Normalmente consideramos que uma pessoa tola é aquela que é facilmente enganada ou ludibriada pelos outros. Alguém que acredita cegamente em tudo que lhe é dito e não questiona. Mas tolo também é aquele que não percebe o ambiente a sua volta, as oportunidades e, até mesmo, as soluções dos problemas. Muitas vezes, talvez na maioria das vezes, a solução para um problema está ao alcance do nosso olhar. Se não tivermos uma boa percepção ambiental – situação que nos envolve, ação e reação das pessoas, efeito causado pelos acontecimentos – estaremos sendo tolos. E o tolo para perceber o problema, também o será para perceber a solução: terá sede, apesar de cercado por água!”
*Manoel Alves dos Santos é Graduado em Psicologia e Letras (PUC-MG), Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos (FUMEC-MG) e Mestre em Administração (FEAD-MG). Autor das obras A Insatisfação que faz o mundo mudar (2003), O Longe e o perto (2007), Histórias de amor, desamor e dor… e alguma poesia (2011). Lança agora Provérbios Africanos para as Organizações e para a vida! Atua profissionalmente em Angola desde 2005 em organizações e também como professor universitário.
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